Os que ainda vivem saúdam-te
(Publicado originalmente a 11/3/2003.)
Decepcionante, a notícia/obituário dedicada à morte de João César Monteiro nos "Cahiers du Cinéma". O autor, Stéphane Bouquet, começa por admitir que se esqueceu quase por completo dos filmes de Monteiro, o que, para uma revista que nunca regateou elogios ao realizador, é no mínimo bizarro. Nenhuma menção é feita ao seu último filme ainda por estrear. Para cúmulo, enganam-se na data do óbito (foi a 3 de Fevereiro, e não a 8). Independentemente de uma ou outra questão de pormenor, contudo, o que mais desconsola é um certo comedimento que parece desajustado à grandeza e à sublime originalidade de Monteiro. Impõe-se a comparação com Pialat, cujo desaparecimento mereceu reacções muito mais copiosas. Admita-se, contudo, que, em termos da influência, directa ou indirecta, na sua geração e nas seguintes, a figura de Pialat assume uma estatura imensamente mais significativa do que a de Monteiro (que não deixará herdeiros - e poderia ser de outro modo?). Desse ponto de vista, compreende-se a disparidade. Ainda assim...
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