Primeiro, a biografia
(Publicado originalmente a 10/6/2003.)
Jacques Rivette nasceu a 1 de Março de 1928, em Rouen, cidade que abandonará em 1949. Em Paris, Rivette envolveu-se com o grupo que viria a fundar a mítica revista "Cahiers du Cinéma": Truffaut, Godard, Rohmer, Jacques Doniol-Valcroze, Charles Bitsch... Leitor e cinéfilo voraz, Rivette viria a distinguir-se pela firmeza e profundidade das suas críticas cinematográficas, ao ponto de adquirir a reputação de intelectual entre os seus pares da "Nouvelle Vague", o que, convenha-se, tem o seu quê de notável.
Tal como os seus cúmplices, Rivette passou à realização durante a década de 50; ao contrário daqueles, não beneficiou de nenhum estado de graça por parte do público, e a sua primeira longa-metragem, "Paris Nous Appartient", foi um fracasso estrondoso. Ao longo dos anos que se seguiram, Rivette prosseguiu uma carreira de realizador em que o sucesso de audiências raramente acompanhou o reconhecimento crítico. A sua aura de personalidade enigmática, pouco dada à exposição mediática, justificada ou não, foi-se consolidando. Depois de uma década de 70 complicada, em termos quer artísticos quer pessoais, Rivette participou do segundo fôlego da "Nouvelle Vague" nos anos 80 e 90, com obras-primas como "L'Amour par terre", "La bande des quatre", "La belle noiseuse" e "Haut bas fragile", ou o mais recente "Va savoir". Paralelamente, a sua faceta de prolífico e penetrante pensador sobre a natureza do cinema foi encontrando ocasiões para se manifestar, nomeadamente através de entrevistas e de um excelente documentário-conversação com Charles Daney, filmado por Claire Denis.
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